Adultos

Lição 3 - Ciúme, o mal que prejudica a Família V

SUPERINTENDENCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

PORTAL ESCOLA DOMINICAL

SEGUNDO TRIMESTRE DE 2023

Adultos - RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus

COMENTARISTA: Elienai Cabral

COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO

 

LIÇÃO Nº 3 – CIÚME, O MAL QUE PREJUDICA A FAMÍLIA

INTRODUÇÃO

Um dos males que prejudicam a convivência entre as pessoas, seja na família, entre amigos, entre cônjuges e até irmãos na igreja é o ciúme doentio. Nesta lição traremos uma definição de ciúme; destacaremos o ciúme como zelo e como uma obra da carne; traremos exemplos bíblicos de relacionamentos atingidos por este comportamento; e, por fim, concluiremos pontuando três virtudes que nos ajudam a vencer este mal, evitando assim seus danos e conservando relacionamentos saudáveis. I – DEFINIÇÃO

O dicionário define ciúme como: “estado emocional complexo que envolve um sentimento penoso provocado em relação a uma pessoa de que se pretende o amor exclusivo” (HOUAISS, 2001, p. 734). No AT a palavra hebraica “qinah” tem como ideia básica o profundo ardor emocional. Pode ser o ardor: (a) do ciúme (Nm 5.14; Ct8.6), (b) do zelo (Nm 25.11; Is 42.13; 63.15), ou (c) da ira (Ez 35,11; 36.6). No NT a palavra grega é “zelos”, que pode ser usada no bom sentido do zelo (2Co 7.11; 9.2; 11.2), ou no mau sentido do ciúme ou inveja (Rm 13.13; 1Co 3.3). Um sinônimo, “phthonos”, é sempre empregado quando se deseja transmitir o sentido de inveja (Mt 27,18; Fp 1.15) (PFEIFFER, 2007, p. 426).

II – O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O CIÚME

2.1 O ciúme divino. O ciúme de Deus é o ciúme daquele que ama e exige atenção exclusiva, adoração e fidelidade do seu povo (Êx 34.14; Nm 25.11; Dt 32.16-21; J1 2.18; Zc 1.14; 8.2). Deus quer exclusividade do seu povo, que é chamado de povo seu (Sl 100.3; Tt 2.14); e, propriedade peculiar (1Pd 2.9). Ele não nos divide com os ídolos (Ez 8.3,5; Mt 6.23); nem com o mundo (2Co 6.14-18; Tg 4.4,5); nem com o diabo (Cl 1.13); nem com o pecado (1Co 6.19,20).

2.2 O ciúme humano. Segundo dicionário exegético Vine, em nível de relacionamento humano, “qãnã”, derivado de “qinah” tem sentido “fortemente competitivo”. Em seu ser mais positivo, a palavra quer dizer: “ser cheio de zelo ou ciúme justo” (2002, p. 304 – acréscimo nosso). Fica claro que o ciúme humano pode ser positivo ou negativo. Ele é benéfico quando expressa zelo, cuidado e carinho a outrem. O ciúme é negativo quando não pensa no outro, mas em si mesmo, passando a ser uma obra da carne, listada em Gálatas 5.20, chamada de “emulações”, traduzida na ARA de “ciúme”. É um dos pecados que se manifestam nas relações interpessoais e que segundo Paulo: “os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gl 5.21).

III – ÁREAS EM QUE O CÍUME HUMANO PODE APARECER

3.1 Entre os cônjuges. Tem sido uma das principais causas de conflito no matrimônio: “porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura o ciúme” (Ct 8.6). Geralmente, o ciúme entre os cônjuges se dá por desconfiança de uma das partes, seja com motivo ou sem motivo. Quando sem motivo, torna o relacionamento tempestuoso, pois o cônjuge ciumento, desconfia em todo tempo, achando que seu amado (a) está se envolvendo com outro. No AT quando um esposo tinha ciúmes da esposa e desconfiava de sua lealdade, a conduzia ao sacerdote, para um julgamento. A questão não se tratava de adultério comprovado, pois as leis concernentes a esta condição eram claras e prescreviam a pena de morte (Lv 20.10). Este regulamento relacionava-se com situações em que não se podia comprovar a infidelidade (Nm 5.13,29) ou em que a conduta da esposa despertava suspeitas (Nm 5.14). O sacerdote não poderia julgar precipitadamente, mas orientado por Deus procurava a solução para este problema (Nm 5.16). Infelizmente, não são poucos os casamentos que se dissolvem, por causa do ciúme descontrolado. O melhor remédio para isso, é o autocontrole sobre os ímpetos e o amor, pois: “[...] o amor não se irrita, não suspeita mal” (1 Co 13.5). Em outra tradução, diz: “o amor não arde em ciúmes” (ARA).

3.2 Entre amigos. Infelizmente o ciúme pode atingir as amizades e até destruí-las. Saul e Davi são um exemplo disto. No começo, sempre que se encontrava afligido pelo espírito mal, Saul mandava, chamar Davi para lhe trazer alívio com sua música (1Sm 16.17-23), mas com o passar do tempo, ao ver a prosperidade de Davi, como guerreiro, Saul começou a sentir ciúmes pelos comentários do povo (1Sm 18.6-8). Preocupado em se manter no trono, Saul, viu Davi, a quem antes tratava como pai ao filho, como uma ameaça, como nos mostra o texto bíblico: “E, desde aquele dia em diante, Saul tinha Davi em suspeita” (1Sm 18.9). Seu ciúme era tão intendo, que gerou inveja e ódio, ao ponto de Saul empreender forças para matar Davi (1Sm 18.10). Davi, porém, nem deixava de tocar a harpa para aliviar Saul (1Sm 19.9,10), e, nas vezes que teve a chance de se vingar não o fez (1Sm 24.6,10), porque seu coração não nutria rancor, mas perdão. Quando Saul faleceu, Davi lamentou amargamente (2Sm 1.11,12).

3.3 Entre parentes. O ciúme também pode atingir a família e trazer consigo grandes males, a exemplo da família de José. A fidelidade de José a Jacó e os presentes que ganhava de seu Pai, fizeram com que seus irmãos tivessem ciúmes, de forma que a convivência se tornou turbulenta: “e não podiam falar com ele pacificamente” (Gn 37.4). Somando-se a isso, José contou-lhes as revelações que recebia da parte de Deus, pensando ser compreendido, mas o texto bíblico diz que: “o aborreciam ainda mais” (Gn 37.5-b). O ciúme descontrolado, fez com que os irmãos, em vez de copiar o bom testemunho de José como filho, para ter o que ele tinha, quisessem eliminá-lo a fim de acabar com os projetos de Jacó e de Deus sobre ele (Gn 37.18-20). Para aliviarem a consciência, não o mataram, mas o venderam para o Egito e forjaram sua morte para enganar Jacó, seu pai (Gn 37.26-34). A despeito da maldade dos filhos de Jacó, José sobreviveu e se tornou um instrumento de livramento para toda a sua casa, no tempo da gravíssima fome. Quando exaltado, José não se vingou dos seus irmãos, antes os perdoou e
lhes poupou a vida, pondo-os sob os seus cuidados no Egito (Gn 45.1-11).

3.4 Entre irmãos na fé. Na convivência como irmãos na igreja, precisamos ter cuidado para que o ciúme não venha nos assaltar e assim minar a unidade fraternal que Deus tanto requer (Ef 4.3; Cl 3.14). Talvez um caso típico de ciúmes, entre irmãos na fé, seja o de duas cooperadoras do ministério de Paulo: Evódia e Síntique. Essas duas mulheres eram proeminentes membros daquela igreja, as quais, possivelmente, estavam reunidas para orar quando Paulo pregou o evangelho pela primeira vez em Filipos (At 16.13,14). Aparentemente elas estavam enfrentando um conflito de ordem pessoal e o apóstolo tenta resolver este problema quando diz: “sintam o mesmo no Senhor”, ou seja, aquelas mulheres deveriam estar em perfeita harmonia (Fp 2.2; 4.2), pois muitas vezes é possível crer em Jesus, trabalhar pelo seu Reino, ser útil na obra do Senhor e ainda assim, ter algum desentendimento com companheiros que estão envolvidos na mesma causa (At 15.2,7,39). Mas não existe desculpas para continuar sem a reconciliação (2Tm 4.11).

IV – RESULTADOS DO CIÚME NA FAMÍLIA DE JOSÉ

• Perda da comunhão (Gn 37.4): “Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles [...] não podiam falar com ele pacificamente”.

• Ódio (Gn 37.5,8): “Teve José um sonho, que contou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda mais” “Por isso ainda mais o odiavam por seus sonhos e por suas palavras”.

• Inveja (Gn 37.11): “Seus irmãos, pois, o invejavam; seu pai, porém guardava este negócio no seu coração”.

• Conspiração (Gn 37.18): “E viram-no de longe e, antes que chegasse a eles, conspiraram contra ele para o matarem”.

• Homicídio (Gn 37.20a): “Vinde, pois, agora, e matemo-lo, e lancemo-lo numa destas covas [...]”

• Mentira (Gn 37.20): “[...] e diremos: Uma fera o comeu; e veremos que será dos seus sonhos”

• Violência (Gn 37.23): “E aconteceu que, chegando José a seus irmãos, tiraram de José a sua túnica [...].

• Antipatia (Gn 37.24): “E tomaram-no, e lançaram-no na cova; porém a cova estava vazia, não havia água nela”.

• Indiferença (Gn 37.25): “Depois assentaram-se a comer pão [...]”.

• Frieza (Gn 37.27,28): “Vinde e vendamo-lo a estes ismaelitas [...]. E venderam José por vinte moedas de prata [...]”.

• Falta de temor (Gn 37.31,31): “Então tomaram a túnica de José, e mataram um cabrito, e tingiram a túnica no sangue. [...] mandando levá-la a seu pai, e disseram: Temos achado esta túnica [...]”.

• Tristeza (Gn 37.34,35b): “Então Jacó rasgou as suas vestes, pôs saco sobre os seus lombos e lamentou a seu filho muitos dias. [...] Porquanto com choro hei de descer ao meu filho até à sepultura. Assim o chorou seu pai”.

V - A SOLUÇÃO PARA VENCER O CIÚME

5.1 Maturidade. O Houaiss define maturidade como: “estado do que atingiu o seu desenvolvimento completo”. A maturidade mental, emocional e espiritual não ocorre de modo rápido e instantâneo, mas progressivamente em Cristo (Cl 1.28,29). A medida em que o crente se desenvolve mental, emocional e espiritualmente, vai deixando pra trás comportamentos carnais e vai crescendo em maturidade e se tornando adulto. O crente maduro não sente ciúmes dos outros, ele aprender a controlar seus impulsos e está confiante no Senhor de que o que ele recebeu de Deus deve ser cuidado com zelo. O marido que ama a esposa, seu coração está nela confiado e vice-versa (Pv 31.11). Ele não se incomoda com o sucesso alheio, pois sabe que Deus pode fazer o mesmo ou mais com ele, caso queira (Rm 9.16).

5.2 Autocontrole. No grego, a palavra temperança é “enkráteia”, que significa: “moderação, temperança, equilíbrio, autocontrole, domínio próprio”. A palavra vem do grego cuja raiz significa: “pegar, segurar, designa uma pessoa que segura a si mesma, que se mantém no pleno controle de si mesmo sobre os próprios desejos e paixões” (1Co 7.9; Tt 1.8; 2.5; 2Pe 1.6) (LOPES, 2011, p. 250). Ser temperante é ter uma vida equilibrada, é viver com moderação. Isto significa que devemos evitar os extremos de comportamento ou expressão, conservando os apropriados e justos limites. O único caminho para nos libertarmos do ciúme doentio é deixar-nos ser guiados por intermédio do poder recebido do Espírito Santo (Rm 8.9; Ef 4.23,24; Cl 3.3-8).

5.3 Amor. Do grego “agape”, como substantivo aparece 116 vezes, e como verbo “agapao” aparece 142 vezes no NT (CHAMPLIN, 2004, p. 139); trata-se de: “uma virtude que predispõe alguém desejar o bem de outrem; uma preocupação altruísta”. Assim como as demais virtudes, é o Espírito Santo que produz o fruto em nós; que nos capacita a cumprir o segundo maior mandamento da lei (Lv 19.18; Mc 12.31). O apóstolo João enfatizou a importância do amor na dimensão horizontal (1Jo 4.7,8,12,20). É pelo amor ao próximo que somos conhecidos como discípulos (Jo 13.35). Portanto, quem ama o seu esposo(a); o seu irmão(ã) de sangue, ou irmão na fé, não arde em ciúmes contra ele, pois “o amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.10).

CONCLUSÃO

Como pudemos ver, o ciúme é extremamente danoso às relações interpessoais. A maturidade, o autocontrole e o amor, são virtudes necessárias e que nos farão suplantar esta obra da carne.

REFERÊNCIAS

• ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

• BEACON. Comentário Bíblico Romanos a 1e 2 Coríntios. CPAD.

• LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. Hagnos.

• VINE, W.E, et al. Dicionário Vine: o significado exegético e expositivo das palavras do AT e do NT. CPAD.

Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 09 de Abr. de 2023

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