ASSEMBLEIA DE DEUS TRADICIONAL - CEADTAM - CGABD
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
TERCEIRO TRIMESTRE DE 2025
Adultos - A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições
COMENTARISTA: José Gonçalves
COMENTÁRIO: EV. ANTONIO VITOR DE LIMA BORBA
LIÇÃO Nº 12 – O CARÁTER MISSIONÁRIO DA IGREJA DE JERUSALÉM
A lição desta semana destaca a consciência missionária que havia nos cristãos de Antioquia da Síria. A história nos conta que esta igreja funcionou durante muitos anos como a igreja base das missões realizadas em regiões fora da Palestina. Uma das características que se destacava nesta igreja era a intrepidez dos irmãos para testemunhar o Evangelho, apesar do pouco conhecimento que possuíam sobre as verdades fundamentais da graça. Mesmo assim, Deus usou o entusiasmo deles e o seu compromisso com as Escrituras Sagradas para fundar uma das igrejas mais importantes do mundo antigo (At I I .2 1).
O Objetivo deste comentário é contribuir para o preparo de sua aula, e apresentar um subsídio a parte da revista, trazendo um conteúdo extra ao seu estudo. Que Deus nos ajude no decorrer desta maravilhosa lição.
UMA IGREJA COM CONSCIÊNCIA MISSIONÁRIA
A perseguição que explodiu na cidade de Jerusalém em virtude da morte de Estêvão não fez a igreja retroceder. Ao contrário, como um vento impetuoso espalha as sementes, a perseguição espalhou os discípulos e, ao serem dispersos, eles não se acovardaram, mas saíram pregando a Palavra de Deus (8.4; I l. 19).
Eles aproveitaram sua caminhada para que outras vidas fossem alcançadas pelo evangelho que outrora receberam. Essa característica missionária era verificada em todos os cristãos do primeiro século, pois entendiam bem a urgência de proclamar as boas novas de salvação a todo o mundo.
Os crentes judeus que foram dispersos saíram pregando o evangelho, mas não aos gentios, apenas aos judeus. Alargaram as fronteiras geográficas, mas não o campo étnico. Esses missionários anônimos pregaram na Fenícia, que corresponde ao Líbano de hoje. Também pregaram em Chipre, a terra natal de Barnabé, chegando até Antioquia, imponente cidade do império romano.
Eles foram além do preconceito cultural. Seu alvo não eram os judeus apenas, mas sim toda criatura que não tivesse sido alcançada pelo Mestre ainda. Esse é o real poder do evangelho, que faz com que os muros sejam derribados para que todos sejam um só povo em Cristo Jesus.
Rompida a barreira cultural e vencidos os escrúpulos dos judeus crentes em relação aos gentios, dois fatos maravilhosos se seguiram à pregação do evangelho aos gentios: primeiro, a aprovação de Deus, pois a mão do Senhor estava com eles; segundo, a conversão dos gentios, pois muitos, crendo, se converteram ao Senhor. A conversão foi o resultado da fé em Cristo, e não à parte de Cristo.
Destaque
A partir do relato de Atos dos Apóstolos, podemos observar o modo maravilhoso como Deus opera para alcançar vidas. Não foram os cargos do apostolado nem mesmo o profundo conhecimento de Paulo que fizeram da igreja de Antioquia um grande instrumento nas mãos de Deus, mas o amor pelas vidas. Os irmãos daquela igreja pregavam porque desejam cumprir o que foi ordenado por nosso Senhor: "E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15). Não havia a intenção, por parte desses irmãos, de distinguir judeus de gentios, mas apenas o desejo de cumprir a missão de anunciar a salvação por meio de Jesus Cristo.
UMA IGREJA COM VISÃO TRANSCULTURAL
Os cristãos que ali chegaram trataram logo de compartilhar a sua fé em Cristo com os gentios, e o resultado não demorou a aparecer: "E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor" (At 11.21). Os convertidos aqui não eram prosélitos do judaísmo, judeus helenistas, nem tampouco gentios pertencentes ao grupo dos "tementes a Deus", mas gentios totalmente pagãos. E exatamente esse aspecto que caracteriza a natureza transcultural da igreja de Jerusalém nessa fase da sua história. Os primeiros "missionários" cristãos estavam levando o evangelho além das fronteiras das suas terras de origem e para uma cultura diferente da deles.
As fronteiras palestinas foram ultrapassadas e vencidas, alcançando um mundo que também necessitava da mensagem do evangelho. Os então conhecidos como pagãos estavam recebendo a mensagem de salvação, como parte do grande projeto missionário que o nosso Senhor reservou para a igreja.
Esses "missionários" eram, na verdade, crentes leigos que compartilhavam a sua fé à medida que se deslocavam. Não dá para deduzir do texto que eles tivessem algum treinamento formal para a obra missionária. Eles não foram enviados pela igreja de Jerusalém como missionários para Antioquia; isso iria acontecer posteriormente (At 13). Eram crentes leigos desterrados que não se intimidavam ao compartilhar a sua fé em Cristo. Mesmo sem um treinamento formal em missões, esses crentes demonstravam forte consciência missionária. Eles sabiam que cumprir o "Ide" de Jesus era responsabilidade deles. Talvez uma das maiores tragédias da igreja de hoje é que temos muitos cristãos, mas poucas testemunhas de Jesus.
A mensagem era simples e direta, pois falavam a um povo que não possuíra algum conhecimento da mensagem do Antigo Testamento. Contudo, mesmo as palavras simples que eram proferidas alcançavam um grande objetivo, pois o Espírito Santo operava nos corações dos ouvintes.
Lucas acrescenta no seu texto a informação de que "a mão do Senhor era com eles". No contexto da teologia carismática de Lucas, essa observação é uma forma de referir-se à capacitação do Espírito Santo no testemunho daqueles crentes. A "mão do Senhor" aqui tem o mesmo peso da "mão do Senhor" que vinha sobre o profeta Ezequiel (Ez 3.22; 37. l). E uma referência à capacitação profética que estava sobre os primeiros missionários cristãos. Isso significa que a pregação da Palavra foi acompanhada pela demonstração do Espírito entre os gentios. Se os textos que narram a ação do Espírito Santo capacitando os crentes para realizarem a obra de Deus forem retirados do livro de Atos, certamente teremos um livro mutilado, vazio e sem sentido algum. Sem o poder do Espírito capacitando os crentes, a Igreja não é Igreja de Jesus.
Destaque
Se queremos se parecidos com o Senhor Jesus, temos que cultivar essa sensibilidade de sentir com o sentimento de Deus a necessidade que o mundo vive de conhecer a verdade que liberta. Quando esse sentimento for para nós o que foi em Jesus, estaremos totalmente absorvidos pela missão de anunciar a todos a mensagem salvadora da cruz.
UMA IGREJA QUE FORMA DISCÍPULOS
A igreja crescia, e com isso Barnabé fora enviado para acompanhar e contemplar a obra em Antioquia. Lá, como um sábio obreiro, verificou que o crescimento era real e impactante, contudo, uma grande necessidade se apresentara: o povo carecia de serem instruídos da Palavra de Deus.
Barnabé encontrou Paulo, levou-o consigo para Antioquia e naquela igreja ensinaram uma multidão imensa durante todo um ano. Como resultado, os crentes gentios passaram a imitar de tal forma a Jesus que foram apelidados de cristãos, gente parecida com Cristo. Até agora, Lucas se referia a eles como discípulos (6.1), santos (9.13), irmãos (1.16; 9.30), fiéis (10.45), os que estavam sendo salvos (2.47) e os seguidores do Caminho (9.2). Agora, Lucas passa a chamá-los de cristãos (l I .26).
Não podemos negligenciar um bom discipulado na igreja. Ele serve como fundamento inicial aos novos convertidos para que compreendam o verdadeiro evangelho. O crescimento espiritual vem com uma boa base doutrinária, e o discipulado surge como ponto de partida para que os novos convertidos aprendam o caminho correto a prosseguir.
Destaque
A obra de implantar igrejas precisa não apenas da presença dos missionários implantadores, mas também do suporte que lhes é dado. Sem apoio ao trabalho missionário, este está fadado ao fracasso. Esse fato era de conhecimento da igreja de Jerusalém, pois tão logo ela ficou sabendo do surgimento da igreja de Antioquia, enviou para lá Barnabé, um dos seus principais líderes. Barnabé era um discipulador. Ele já havia trabalhado no discipulado de Paulo (At 9.27) e agora fora enviado para apoiar o trabalho em Antioquia: "O qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou e exortou a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor" (At I I .23). Esse foi o modelo em Antioquia e deve ser, portanto, o modelo hoje.
COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - EV. ANTONIO VITOR LIMA BORBA