ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM - GUARULHOS
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
TERCEIRO TRIMESTRE DE 2025
Adultos - A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições
COMENTARISTA: José Gonçalves
COMENTÁRIO: SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS EM PERNAMBUCO
LIÇÃO Nº 1 – A IGREJA QUE NASCEU NO PENTECOSTES
INTRODUÇÃO
Nesta lição, abordaremos o nascimento da Igreja em Jerusalém, ocorrido por ocasião da festa de Pentecoste. Nesse contexto solene, a igreja foi inaugurada com o poder do alto, conforme a promessa de Cristo. Analisaremos as principais características dessa igreja nascente e, por fim, refletiremos sobre a relevância e aplicabilidade desta festa para a igreja de Cristo nos dias atuais.
I - A FESTA DO PENTECOSTE NO ANTIGO TESTAMENTO
1.1 Festa de Pentecoste. A palavra grega “πεντηκοστη” [pentēkostḗ] significa “quinquagésimo”. O vocábulo era usado para os 50 dias de regozijo que começava com a Páscoa. O termo “Pentecoste” originalmente designava a quarta festa estabelecida por Deus aos hebreus no Antigo Testamento (Êx 34.22; Lv 23.15-17; Nm 28.26; Dt 16.9-10). Como o Império Grego passou a ter hegemonia em 331 a.C., é provável que o nome “Pentecoste” tenha ganhado popularidade a partir desse período. Com o transcorrer do tempo, o vocábulo passou a ser usado como nomenclatura para referenciar a experiência do batismo no Espírito Santo e a indicar uma ala evangélica: os pentecostais, a partir do século XX” (Barreto, 2024, p. 52). Esta festividade possui alguns nomes diferentes:
• Festa das semanas que se refere a sete semanas após a oferta das primícias (Êx 34.22; Dt 16.10; 2Cr 8.13);
• Festa da colheita referindo-se à conclusão das colheitas de grãos (Êx 23.16);
• Festa de Pentecoste referindo-se ao período de cinquenta dias após a oferta das primícias que acontecia junto com a festa dos pães asmos (Lv 23.16-18).
1.2 O nome na Bíblia. Por conseguinte, a festa permanece hoje para os judeus, com o nome de Festa de “hag shavuot” ou “Festa das Semanas”. Segundo a concepção agrícola, conclui a colheita dos “ázimos” (Êx 23.15; 34.18), iniciada com o plantio da cevada e do trigo; e, segundo a concepção histórica, conclui o significado da Páscoa. O nome propriamente dito “πεντηκοστη” [pentēkostḗ - pentecoste] aparecerá em ambiente cristão, conforme indica o livro dos Atos dos Apóstolos e 1Coríntios. Na primeira referência, os apóstolos encontram-se reunidos no completar dos cinquenta dias depois da Páscoa (At 2.1); na segunda, Paulo desejava passar o “dia de Pentecoste” em Jerusalém (At 20.16) e, na terceira, Paulo expressa o desejo de permanecer em Éfeso até “Pentecoste” por causa da missão nesta região (1Co 16.8). Estas são as únicas referências ao nome em toda Bíblia” (Barreto, 2024, pp. 52,53).
1.3 O objetivo da festa. A festa de pentecoste era uma festa basicamente agrícola que era celebrada no fim da primavera, quando a nova colheita de trigo era colhida (Êx 23.14-16). Como podemos ver, esta festa segue o mesmo princípio da Festa das Primícias que é o de agradecer a Deus por tudo que Ele tem providenciado, reconhecendo a sua bênção (Dt 16.10).
1.4 A comemoração da festa. A Bíblia nos mostra que no dia da festa todas as atividades normais deviam ser suspensas a fim de que o povo se reunisse para uma “santa convocação” (Lv 23.21). Além do caráter de agradecimento, a festa tinha um propósito caridoso, pois as necessidades dos pobres e estrangeiros também deveriam ser lembradas nessa ocasião (Lv 23.22). “Pentecoste é o festival judaico da colheita, a festa de “hag shavuot”, que comemora a entrega dos Dez Mandamentos no Monte Sinai cinquenta dias depois do Êxodo. Para os cristãos, o Pentecoste é a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e seguidores de Jesus, através do dom de línguas, como descrito no Novo Testamento. O movimento pentecostal tem seu nome derivado desse evento. Da festa das primícias “hag shavuot” passou ao longo da história a celebrar a memória do ‘dom’ da Toráh, chegando ao universo cristão celebrando o [dom] do Espírito Santo [...]. Por isso, a palavra “pentecostal” é usada para descrever os eventos que ocorreram no Dia de Pentecoste, conforme são registrados em Atos, capítulo dois” (Barreto, 2024, p. 53).
II - A IGREJA QUE NASCEU EM JERUSALÉM FOI INAUGURADA NO PENTECOSTE
O dia de Pentecostes, inaugurou a igreja de Cristo. Isso aconteceu com a descida do Espírito Santo; era o comprimento da profecia registrada no livro do profeta Joel. A noiva do cordeiro estava vivenciando essa profecia e ao mesmo tempo sendo estabelecida pelo próprio Deus. Notemos:
2.1 No dia de Pentecoste marcou a descida do Espírito Santo. Dois sinais sobrenaturais antecederam imediatamente o advento do Espírito Santo, ou seja, o seu derramamento. São eles: o “som, como de um vento veemente e impetuoso” (At 2.2) e as “línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles” (At 2.3). Esses sinais anunciavam a chegada de alguém muito importante, o Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, para inaugurar a Igreja, iniciando, assim, sua jornada histórica. Eram sinais particulares que não se repetiram posteriormente nos batismos no Espírito Santo subsequentes, pois se tratava de um evento solene e único, que marcou o início de uma nova dispensação (Soares, 2017, p. 167). “O Pentecoste, a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos, marca o cumprimento das profecias do Antigo Testamento e o início da era messiânica (Jl 2.28,29; At 2.1-11). Esse evento crucial na história da Igreja demonstra a plenitude da ação do Espírito Santo, derramando seus dons sobre toda a carne” (Barreto, 2024, p. 41).
2.2 No dia de Pentecoste marcou o comprimento da promessa. Foi o cumprimento da promessa do derramamento do Espírito profetizado por Joel (2:28,32a); Isaías (44:3); João Batista (Mt 3:11) e Jesus (At. 1:4,5). Também chamado de batismo no Espírito Santo, conforme João Batista. É um revestimento e derramamento do poder do Alto, com a evidência física inicial de línguas estranhas, conforme o Espírito Santo concede pela instrumentalidade do Senhor Jesus, para o ingresso do crente numa vida de mais profunda adoração e eficiente serviço para Deus (Lc 24.49; At. 1:8; 10.46; 1Co 14. 15,26) (Gilberto, 2006, pág. 57).
2.3 No dia de Pentecoste a igreja foi estabelecida. Somente quando o Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos e eles foram batizados com poder (cf. A t 1.5), é que a Igreja foi estabelecida em autoridade e na forma como Deus havia determinado. O mistério de Deus, guardado desde o princípio dos séculos, estava revelado: a Igreja, órgão de Deus na dispensação do Novo Testamento, havia aparecido em cena (Bergstén, 2016, p. 211).
IV - AS CARACTERÍSTICAS DA IGREJA QUE NASCEU EM JERUSALÉM
3.1 A igreja que nasceu em Jerusalém era centrada na Palavra de Deus. Uma das marcas fundamentais da igreja é o amor pela
Palavra de Deus. As pregações proferidas nos arredores de Jerusalém eram fundamentadas em várias passagens do Antigo Testamento, como as pregações de Pedro (At 2.16-17) e de Estevão (At 8.32-40), bem como nas palavras de Cristo Jesus. O texto de Atos diz: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos [...]” (At 2.42). Filipe explicou o texto do profeta Isaías ao eunuco de Candace. Essa centralidade na Palavra é necessária, pois ela é lâmpada para os nossos caminhos (Sl 119) e nosso manual de ensino (Rm 15.4; 1Co 10.11; 2Tm 3.16); além disso, é alimento para as nossas almas.
3.2 A igreja que nasceu em Jerusalém perseverava em oração. Antes da descida do Espírito Santo, a igreja estava em constante oração: “Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas [...]” (At 1.14). Após as primeiras conversões, Lucas atesta que a igreja continuava vivendo em oração (At 2.42; 3.1; 6.4; 12.5). Isso foi essencial e continua sendo um recurso indispensável para os cristãos enfrentarem as aflições (Jo 16.33), resistirem às tentações e manterem a comunhão com Deus. A oração é um mandamento bíblico (1Cr 16.11; Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24) e é o meio pelo qual recebemos as bênçãos de Deus (Lc 11.5-13; At 1.14). Além disso, é na oração que Deus se faz presente (Dt 4.7).
3.3 A igreja que nasceu em Jerusalém recebeu o batismo no Espírito Santo. O falar em línguas foi o sinal físico distintivo no dia de Pentecostes, e continua sendo a evidência de que o cristão recebeu o batismo no Espírito Santo. Este batismo é a externalização de uma experiência reconhecível, audível e visível. Não é uma prática destituída de doutrina; está fundamentada em um sólido e inamovível alicerce bíblico-teológico. Não é modismo; pelo contrário, é uma promessa feita pelo Pai (Is 44.3), confirmada pelo Filho (At 1.5) e manifestada pelo Espírito Santo (At 2.4).
3.4 A igreja que nasceu em Jerusalém recebeu a ordem para evangelizar. No início do livro de Atos dos Apóstolos, a igreja deveria permanecer em Jerusalém para receber a virtude do Espírito Santo (At 1.8). Depois de revestidos de poder, os discípulos deveriam levar o evangelho até os confins da terra. Após a descida do Espírito Santo, o evangelho se espalhou rapidamente. No dia de Pentecostes, quase três mil pessoas se converteram (At 2.37-41). Após a cura do coxo à porta do templo, o número de convertidos chegou a quase cinco mil (At 4.4). Em Atos 5.14, Lucas declara que “a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais”. A primeira etapa foi cumprida (At 5.28). No entanto, do capítulo 2 ao capítulo 7, o evangelho permaneceu restrito à cidade de Jerusalém.
IV - APLICABILIDADE DA FESTA DE PENTECOSTE PARA A IGREJA DE CRISTO
Jesus foi sacrificado durante a “Festa da Páscoa” (Mt 26.2; Mt 27.15), foi sepultado durante a “Festa dos Pães Asmos” (Mt 26.17; Mc 14.1,12; Lc 22.1), ressuscitou na “Festa das Primícias” (Mc 5.16), e cinquenta dias depois, no dia da “Festa de Pentecoste”, veio o derramar do Espírito Santo sobre os discípulos (At 2.1-4 ver Jl 2.28,29). Vejamos:
4.1 O alcance da festa. Pentecostes fala de uma promessa: a) segura “derramarei o meu Espírito” (Lc 24.49; At 1.4; 2.17); b) abundante “sobre toda a carne” (At 2.4,39; 10.44); c) abrangente pois ela quebra toda acepção racial: “toda a carne”, sexual: “filhos e filhas”, etária: “jovens e velhos”, e social: “servos e servas” (Jl 2.28,29); e, d) atual “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At 2.39). Um dos propósitos desta festa era também a aproximação de todos que estavam distantes: “Todos reunidos no mesmo lugar” (At 2.1); “Todos foram cheios do Espírito Santo” (At 2.4); “Todos os que estão longe; tantos quanto…” (At 2.39); e “Todos os que criam estavam juntos” (At 2.44).
4.2 A abrangência da festa. Na Festa das Primícias era movido perante o Senhor um molho (feixe) de espigas de trigo (Lv 23.911), já na Festa de Pentecostes eram movidos perante o Senhor dois pães de trigo (Lv 23.15-17). Isso falava da Igreja, que seria formada de judeus e gentios, formando, assim, um só corpo (Ef 2.14; Jo 11.52). O feixe de espigas fala da união, mas os pães vão além, pois eles falam de unidade (Ef 4.3). Em um feixe de espigas, os grãos estão simplesmente presos às espigas, porém isolados uns dos outros, mas, em um pão é diferente: o trigo é o mesmo, mas os grãos passaram por um multiforme processo e formam agora um todo, um corpo único. O derramamento pentecostal fez isso na formação da Igreja em Atos 2.
4.3 A colheita da festa. Após sua ressurreição Jesus ficou na terra por 40 dias quando foi ascendido ao céu e dez dias depois na Festa de Pentecostes, no 50º dia depois da Páscoa, cumpriu-se a promessa do “derramamento do Espírito Santo” (Jl 2.28,29; At 1.4,5; 2.1), e durante a festa de Pentecostes os discípulos ficaram cheios do Espírito Santo (do hebraico “Ruah Kadosh” e do grego “Hagios Pneumathos” e logo após, os apóstolos colheram os primeiros frutos de (At 2.37-41).
CONCLUSÃO
A igreja que nasceu em Jerusalém foi inaugurada com poder do alto, sendo agraciada com o batismo no Espírito Santo e outras bênçãos celestiais. Tudo o que a igreja recebeu naquele início ainda é vivenciado pelo corpo de Cristo em nossos dias.
REFERÊNCIAS
• BARRETO, Alessandro. Protopentecoste: Ações do Espírito Santo no Antigo Testamento. Editora Bereia,
• BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD
• PEARLMAN, Meyer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Editora Vida.
• STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD
Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 30 de Jun de 2025